Assim como as brasileiras, as eleições argentinas são marcadas pela forte oposição entre esquerda e direita. No país de Pablo Vegetti e Luca Orellano, os candidatos Javier Milei (direita – “La Libertad Avanza”) e Sergio Massa (esquerda – “Unión por la Patria”) disputam a presidência em definitivo no próximo domingo (19).
Mais ligado às diretrizes do livre mercado e da iniciativa privada, o candidato Javier Milei disse que em caso de vitória presidencial, sua gestão caminhará para uma forte privatização do futebol: “gosto do modelo inglês”, revelou Milei em conversa com o jornalista Alejandro Fantino. A escolha por modelos privados representaria um fim paulatino dos modelos de administração de associações civis, o tão conhecido associativo no Brasil.
Em nosso país, já é um tanto massivo o modelo privado de administração nos clubes, as tão famosas SAFs. Times como Bahia (Grupo City), Cruzeiro e Vasco já têm, majoritariamente, as decisões nos departamentos de futebol tomadas por comandos privados. No Vasco, por exemplo, o futebol pertence em 70% à empresa norte-americana 777 Partners, dona também de significativa porcentagem de clubes na Europa: Sevilla, Genoa, Everton, etc.
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No último dia 11 de novembro, o Vasco da Gama Associativo realizou suas eleições presidenciais (a associação é dona dos outros 30% só futebol do clube), e o ex-jogador e ídolo Pedrinho foi eleito presidente. O processo eleitoral do Vasco em diversas outras oportunidades deu demonstrações de que a política do clube associativo era, talvez, o seu maior problema.
Gestões atrasadas, políticas irresponsáveis nos gastos e nas arrecadações, quadro sem profissionalismo, deram a tônica da política administrativa do Vasco nas duas últimas décadas. Isso levou o sócio-torcedor a um cansaço administrativo e a aprovar, em absoluta e avassaladora maioria, o modelo de SAF para tocar o futebol do clube.
Mas, se no Vasco, no Bahia e no Cruzeiro houve aprovação quase que unânime dos sócios, dada a visão de que haveria com as SAFs mais investimentos e profissionalização do futebol, na Argentina o modelo sofre muitas críticas, seja no discurso oficial dos clubes ou nas declarações de torcedores.
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Em língua castelhana, já circula fortemente a hashtag #NoALasSAD, que em português seria #NãoÀsSAF.
Logo após o candidaro Javier Milei declarar sua preferência pelo modelo inglês de administração de futebol, que é um modelo privado, os clubes considerados grandes da Argentina saíram a publicar seus rechaços em uníssono. Confira alguns posicionamentos oficiais de grandes clubes argentinos após as declarações de Javier Milei:
Na Argentina, os clubes entendem que o modelo associativo representa uma participação efetiva do sócio, enquanto que a privatização – pelas SAFs – o seu distanciamento da vida ativa do clube.
No tuite do River Plata, deve-se notar que é na verdade um comentário a uma rejeição feita ainda em 2016, bem antes do debate das SAF começar e esquentar no Brasil.