Confirmado como novo diretor executivo do Vasco, Admar Lopes foi apresentado oficialmente nesta quarta-feira (18), em coletiva de imprensa no Centro Metropolitano, no Rio de Janeiro. Com currículo construído principalmente no futebol europeu, ele carrega a esperança da torcida cruzmaltina por um time mais competitivo. No entanto, sua última experiência — e a mais marcante, no Bordeaux, da França, deixou um legado controverso.
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Enquanto alguns destacam seu conhecimento de mercado e perfil internacional, outros apontam sua passagem pelo clube francês como um dos fatores que contribuíram para a crise esportiva e financeira que culminou na falência da equipe e no rebaixamento à quarta divisão do país.
A reportagem do Analisa Vasco conversou com Nicolas Cougot, jornalista francês e editor-chefe do Lucarne Opposée, veículo especializado em futebol internacional. Torcedor fervoroso do Bordeaux, Nicolas não poupou críticas a Admar:

Admar Lopes, diretor executivo do Vasco (Reprodução)
– Boa sorte, amigos. Provavelmente o pior diretor que já tivemos.
Controle total e resultados desastrosos
Admar chegou ao Bordeaux em 2021, junto com o empresário Gérard Lopez, assumindo inicialmente um papel voltado ao setor de scout, mas logo foi promovido a diretor esportivo, ficando responsável por toda a gestão do futebol do clube.
Sob sua gestão, o desempenho do Bordeaux foi o seguinte:
- 2021/22: Rebaixamento na lanterna da Ligue 1, com 31 pontos em 38 jogos;
- 2022/23: 3º lugar na segunda divisão, a um passo do acesso;
- 2023/24: 12º colocado na Ligue 2, flertando com a queda;
- 2024/25: 5º lugar no Grupo B da quarta divisão, após falência e perda do status profissional.
Durante sua gestão, 34 jogadores foram contratados, mas segundo Nicolas, a maioria das apostas não vingou.
– Foram muitos fracassos. Apenas alguns, como Gregersen e Davitashvili, deram certo. No geral, os resultados foram muito ruins.
Problemas internos e gestão questionada
Além dos números, o jornalista destaca falhas graves na gestão de grupo. Segundo ele, Admar e a diretoria frequentemente responsabilizavam jogadores pelos maus resultados, o que gerava um ambiente tóxico.
– Quando as coisas não iam bem, eles fugiam da responsabilidade e colocavam a culpa nos atletas. Muitos foram “descartados” publicamente.
Esse padrão, aliás, levanta alertas por se assemelhar a problemas recentes vividos no próprio Vasco.
Salários altos e crise financeira
Outro ponto controverso foi o salário de Admar, considerado incompatível com a realidade do clube. Em 2021/22, mesmo com o Bordeaux sendo rebaixado, ele recebia 420 mil euros anuais, além de um bônus de 220 mil euros pela chegada. Nos anos seguintes, mesmo com o time na segunda divisão, seus vencimentos subiram para 480 mil euros anuais.
– Enquanto o clube enfrentava sérias dificuldades, ele e outros dirigentes ficaram mais ricos. Ao fim de 2023/24, o Bordeaux perdeu o status profissional e 97 funcionários foram demitidos, mas ele manteve seus ganhos — criticou Nicolas.
Acusações extracampo
Para além do desempenho esportivo e administrativo, Admar também esteve envolvido em uma polêmica extracampo. O comentarista francês Daniel Riolo chegou a acusá-lo publicamente de uso de substâncias ilícitas em boates da cidade. Lopes entrou com uma ação judicial, que foi retirada em fevereiro deste ano.
É importante contextualizar que Riolo já foi processado por Didier Deschamps, Christophe Galtier e Neymar, sempre por declarações relacionadas a questões pessoais ou extracampo. No caso de Neymar, foi derrotado judicialmente.
+ Reforços pontuais estão a caminho no Vasco
Agora no Vasco, Admar terá a missão de liderar a reformulação do futebol ao lado de Fernando Diniz, com quem promete alinhar estratégias para qualificar o elenco. O torcedor cruzmaltino, no entanto, espera que o passado recente fique para trás. e que o novo diretor represente, de fato, um recomeço positivo para o clube.

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