Apesar do início tardio no futebol, lateral valoriza oportunidade no clube carioca e conta sua história no Estado no Norte do país
No dia internacional da mulher, uma guerreira que veio de uma comunidade localizada na cidade de Tefé nos traz uma bela história.
Com 27 anos, a lateral-direita Joseane Bandeira da Silva, chegou ao Rio ano passado para realizar o sonho de vestir a camisa do gigante, juntamente com sua filha de 11 anos, que já treina e estuda no Vasco. Em entrevista ao GE, a atleta fala com carinho sua história com Vasco e agradece a oportunidade:
“É muito bom estar com minha filha, vendo-a seguir esses passos, tendo a oportunidade de fazer isso cedo, estando numa base boa, e isso que quero para outras garotas. Sempre falo para ela valorizar, porque tem milhares de meninas querendo estar nesse lugar e tendo esse suporte. O Vasco me abraçou, abraçou minha história, um clube que realmente acolhe todos”.
Graduada em Tecnologia em Produção Pesqueira e técnica em imobilização ortopédica, Índia não consegue se ver longe do Amazonas por muito tempo.
“Eu sou muito caseira, fui criada no interior pescando, então vou voltar, vou criar meus peixes, mas isso no futuro. Sinto muita falta da minha terra, aqui é muita correria, outro mundo” disse a jogadora.
Incentivada pelo pai e o irmão, aos 23 anos após se destacar no futsal, Índia viu a possibilidade de virar profissional quando surgiu o interesse do Edson Galdino, grande incentivador do futebol feminino, ex-treinador do CEPE Duque de Caxias e tetracampeão Carioca Feminino. Ele faleceu no início desse ano.
“Meu marido era do quartel e tinha um amigo sobrinho do técnico Edson, que me viu jogar e gostou, mas eu já tinha 23 anos e nem pensei em fazer teste. Terminei a faculdade e o curso técnico, fiquei sem o que fazer num período, e meu marido me incentivou. Sempre tive o sonho de jogar, eu e minha irmã Jainy ficávamos brincando de fazer entrevista, estou realizando o sonho dela também”.
Índia veio ao Rio jogar no Duque de Caxias, onde foi vice-campeã carioca em 2018 e chamou atenção do Vasco. A atleta se transferiu em 2020 ao cruzmaltino e conseguiu trazer a filha Nicole que estava no Amazonas.
Hoje, com sua própria moradia, Índia vive com sua família em Duque de Caxias, mas não esconde a saudade dos pais que moram numa comunidade onde é difícil se comunica. Contou também um pouco das dificuldades de adaptação:
“A primeira dificuldade foi andar de avião, vim embora sem ninguém, com a cabeça a mil. Outra dificuldade foi a alimentação, o feijão preto do carioca (risos), o clima e a agitação. Lá são duas estações: quente e calor. Os treinos também foram difíceis, a rotina pesada, me adaptar tática e tecnicamente, eu nunca tinha trabalhado só com futebol, mas é um trabalho que amo, uma diversão com responsabilidade. Temos que sempre acreditar no potencial, buscar o “sim”, porque nós mulheres, principalmente, temos o “não” o tempo todo, porque nos acham frágeis, tem sempre alguém dizendo que não vamos conseguir. É trabalhar bastante, orar e agir, sair da cama e buscar o melhor de si” – Completou Índia.
Índia finalizou falando da expectativa de trabalhar com a nova a auxiliar técnica, a ex-jogadora Pretinha, que também defendeu a seleção brasileira:
“A Pretinha chega num excelente momento, para agregar, uma pessoa super humilde. Estamos tendo contato direto com ela, canal aberto de comunicação, chega e nos sugere f- A Pretinha chega num excelente momento, para agregar, uma pessoa super humilde. Estamos tendo contato direto com ela, canal aberto de comunicação, chega e nos sugere formas diferentes de fazer as jogadas. Ela entra nas brincadeiras também, uma honra trabalhar com ela”.