O ex-presidente do Vasco, Jorge Salgado, se manifestou nesta sexta-feira sobre a proposta feita pela atual gestão do clube dentro do plano de recuperação judicial. Segundo ele, a sugestão apresentada para o pagamento de valores que teria emprestado ao Cruz-Maltino é “aviltante” e desrespeitosa, e por isso decidiu recorrer a um advogado para defender seus direitos.
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Em contato com a reportagem, Salgado afirmou que buscou o diálogo diversas vezes, tanto com representantes da 777 Partners quanto com a atual diretoria liderada por Pedrinho, mas não obteve retorno.
– Por diversas vezes tentei fazer acordo com o clube, a partir da 777, e também na gestão do Pedrinho. Eu recebo a proposta, analiso, não precisa receber de uma vez, pode ser parcelado, mas nunca obtive resposta. Diante disso, recorri a um advogado pra cuidar dos meus interesses na recuperação judicial. Tentar minimizar essa porrada no meu crédito — disse Salgado.
– Estão querendo me dar desconto de 90%, me pagar 10%. Em que condições? Depois de aprovada a recuperação judicial nas condições do Vasco, só vou receber 10% do valor três anos depois da aprovação dessa assembleia, em 16 anos. É um calote absurdo. Ajudo o clube há 50 anos e sou uma vítima. Isso vai ser discutido em uma Assembleia Geral no Vasco. Eu e alguns credores não queremos aceitar, queremos tentar uma solução diferente. Não posso receber 10% do que emprestei em 19 anos. Como vou abaixar a cabeça e aceitar isso? — completou.
Foto: Divulgação/Vasco.
Apesar da insatisfação, o ex-dirigente divulgou uma nota em que reforça sua disposição para negociar e relembrar sua história de apoio ao clube, independentemente de questões políticas.
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Confira a íntegra da nota de Jorge Salgado:
“Como é fato público, de amplo conhecimento dos vascaínos, e registrado oficialmente nos balanços do CRVG, fui procurado ao longo dos anos, por diferentes administrações, para socorrer financeiramente o clube em momentos de dificuldades. Independente do viés político, sempre colaborei dentro das minhas possibilidades. Por diversas vezes o clube não conseguiu honrar com seus compromissos para comigo e, em todas estas situações, sempre estive pronto para conversar, buscando um entendimento amigável.
Quando assumi a presidência do CRVG no início de 2021, encontrei uma situação caótica: salários atrasados, inadimplência com praticamente todos os fornecedores, contas bloqueadas, receitas antecipadas, zero no caixa e sem crédito na praça. Para manter o clube em funcionamento, tive que fazer importantes aportes pessoais para pagar toda sorte de despesas num momento em que ninguém estava disposto a dar crédito ao Vasco.
Para minha surpresa, o plano de pagamento aos credores proposto pela atual administração na Recuperação Judicial apresentou condições aviltantes para quitação de meu crédito: um desconto de 90% no valor da dívida, a ser pago com 3 anos de carência, dividido em 16 anos! Eu procurei mais de uma vez a Diretoria Administrativa na busca de um entendimento e sequer fui recebido. Diante de tal situação, constituí advogado para estudar o caso e buscar uma solução justa. Não é razoável tratar um credor que nunca se furtou a colaborar com o clube desta forma. Isso também não é nada bom para a imagem e credibilidade do Vasco, justamente num momento em que precisamos de parcerias com novos investidores para alavancar o futuro do clube.
Permaneço, como sempre estive, à disposição da atual diretoria para dialogar.”
— Jorge Salgado
Foto: Divulgação/Vasco.
A proposta da recuperação judicial será debatida em Assembleia Geral nos próximos dias. Salgado, junto a outros credores, busca alternativas para o modelo apresentado e espera reabrir o diálogo com a diretoria.
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