Esta quarta-feira é, sem dúvidas, um dos dias mais importantes do ano para o Vasco da Gama. Isso se deve porque deve sair hoje a decisão da Justiça sobre se o clube poderá ou não voltar a receber a sua torcida em São Januário. O julgamento está marcado para as 13h30 (de Brasília).
O caso será julgado pela Segunda Câmara de Direito Privado em sessão presencial na sede do tribunal, que fica no Palácio da Justiça, Centro do Rio. São Januário não abre os portões para público desde o dia 22 de junho, na derrota do Vasco para o Goiás, pela 11ª rodada do Brasileirão. Há 69 dias, portanto.
A interdição foi determinada devido aos episódio de violência que ocorreram após a derrota contra o Goiás, em decisão do juiz Bruno Arthur Mazza Vaccari. Na ocasião, o Vasco também soltou uma liminar, que foi deferida, e por esse motivo consegue mandar seus jogos em São Januário, mesmo que sem público.
O caso tomou uma grande repercussão na mídia nos últimos dias depois das declarações consideradas preconceituosas do relatório assinado por Marcelo Rubioli. Ele diz que o complexo é rodeado “pela comunidade da barreira do vasco, de onde houve comumente estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas lá instalado”; e que as ruas estreitas “sempre ficam lotadas de torcedores se embriagando”.
O Vasco relacionou esse trecho com elitismo e preconceito, recebendo apoio de entidades como a Associação de Moradores da Barreira e a Federação de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj). Entretanto, o promotor Rodrigo Terra, do Ministério Público, que propôs a ação na Justiça, considera de uma “vitimização ridícula” por parte do Vasco:
– É uma vitimização ridícula. Não tem nada a ver com isso. O problema foi que explodiram rojões e sinalizadores no gramado e entraram sem a capacidade do estádio de impedir que isso acontecesse. Esse que é o problema. O resto é querer desviar a atenção. Não tem nenhuma relação com pobreza, nada disso. Agora, se o estádio está com suas saídas de emergência levando para vielas que são incapazes de receber um fluxo de milhares de pessoas de uma vez na hipótese de uma emergência em que seja necessário evacuar o estádio, é claro que isso tem que ser citado. Não é porque é favela, é porque é estreito, entendeu? Querer pegar a coisa por esse viés é se recusar a responsabilidade de melhorar o serviço e querer ficar numa posição eterna de injustiçado. Pinçar o negócio lá do juiz, que ele colocou dentro de um contexto todo, para querer fazer esse joguinho ridículo, para jogar um contra o outro, isso é tática de fake news de extremistas, não é compatível com a civilização.
Sobre a exigência de implementação do sistema de biometria, que não existe em nenhum outro estádio do Rio de Janeiro, o promotor disse que seria “muito interessante” que começasse por São Januário:
– Acho que a biometria seria uma mudança de mentalidade, um divisor de águas. É muito interessante que isso comece por São Januário justamente por marcar simbolicamente essa diferença entre o relacionamento que existia. Mas é uma iniciativa que a gente pretende estender para todos os estádios. Estamos cobrando isso de São Januário porque acabou de ocorrer um evento de violência extrema dentro do estádio em que sinalizadores foram arremessados no gramado, rojões foram apreendidos. Tudo isso mostra que eles entraram. Como eles entraram? Como eles explodiram isso lá dentro? Não foi no Maracanã, não foi no Engenhão. Foi em São Januário. Agora isso não significa que a biometria não deva ser estendida para outros estádios. Deve, sim. Mas é muito interessante que comece pelo pior de todos, que é São Januário. Por todas essas questões que estou dizendo.
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