A MAGIA FUTEBOLÍSTICA
Leandro A. Rodrigues
Na última semana, André Kfouri, em sua coluna, em “O Globo”, trouxe um relato feito por Robert Lewandowski, em relação à ausência de paciência das pessoas para assistirem a um jogo de futebol completo. No belo texto, o jornalista menciona que o atacante polonês fala que nem os analistas veem mais os jogos inteiros, acrescentando que os especialistas assistem aos melhores momentos, buscam as estatísticas e não mergulham na totalidade do jogo.
Há bastante tempo, em meu meio familiar, menciono a mesma coisa. Os comentários e as análises, na maioria das vezes, são parciais e incompletos. Os profissionais, envolvidos nas transmissões e nos programas esportivos, parecem não acompanhar os jogos, os times e os jogadores. Reproduzem, na maioria das vezes, as mesmas informações e se retroalimentam.
Creio que isso acontece em virtude da sociedade acelerada em que vivemos. Há um excesso de informação. Parece que, hoje, todos temos de fazer, ao mesmo tempo, o maior número de coisas. E, assim, desse modo, invariavelmente, alguma coisa não será bem-feita. Um grande exemplo são as próprias transmissões televisivas. Durante o jogo, o narrador quer que o telespectador faça comentários nas redes sociais, interaja nas diversas plataformas, opine a respeito de tantos assuntos. E, com isso, o jogo, em si, passa a ser secundário. Lances importantes da partida não são mencionados. Querem fazer do ato de transmissão a festa, enquanto o verdadeiro espetáculo e tudo o que o envolve passar a ser coadjuvante e fica, muitas vezes, despercebido.
Devo confessar que isso me assusta, pois, como já disse aqui mesmo, neste espaço, gosto do futebol pelo futebol. Amo o nosso Gigante da Colina. Sou apaixonado pela história cruz-maltina e tenho a esperança de que o seu futuro há de ser promissor. No entanto, independente de qualquer devoção passional, tenho fascinação pelo “violento esporte bretão”. Assisto a jogos e mais jogos de futebol. Gosto do jogo. Gosto da atmosfera que o envolve. Gosto da arte e do dom. Gosto do drible genial, do lançamento milimétrico, da defesa milagrosa e do chute certeiro. Gosto da tática adotada e do esquema escolhido. Vejo, nos noventa minutos e em seus acréscimos, um entretenimento similar a um filme, a um livro ou a uma exposição.
Parece que querem, a todo o custo, tirar a atenção do telespectador do jogo. E, assim, afastam-no do prazer, da emoção e da alegria genuínas. Parece que inventar a roda, em nome de algumas curtidas. Só que se esquecem de ela já existe há muito tempo, antes mesmo de qualquer cutucada.
Na minha opinião, nada disso é necessário. Na minha opinião, nada disso é preciso. Basta, apenas, deixarem que o jogo, por ele somente, produza os frutos naturais para as análises, para os comentários. Assim, indubitavelmente, o amor renascerá, pois, garanto-lhes, é imortal a magia futebolística.
Saudações Vascaínas!