DECEPÇÃO
Leandro A. Rodrigues
Na sexta-feira, dia 29 de outubro de 2021, novamente, foi difícil de conseguir dormir. Após a derrota, em casa, por três a um, contra o CSA, foi difícil deitar-me nos braços de Morfeu.
Li alguns textos a respeito da partida e, neles, duas palavras faziam-se constantes: vergonha e vexame. Respeito a forma de pensar dos seus autores, mas, na realidade, discordo. Para mim, de forma muito pessoal, a palavra é DECEPÇÃO.
Não acho que tenha sido uma vergonha, pois futebol é um jogo e, como em todo e qualquer jogo, há sempre o imponderável. Do outro lado, havia um time que, assim como nós, estava lutando para conseguir o acesso. Acreditar que perder para um adversário, de forma limpa e honesta, venha a ser uma vergonha, é o equivalente a acreditar que o outro inexiste. Não houve corpo mole. Não houve entrega. Não houve falta de empenho. Infelizmente, houve incompetência. E, com isso, infelizmente, houve a derrota.
Também não acredito que seja um vexame. Sei (sabemos) de toda a história do Club de Regatas Vasco da Gama. Sei (sabemos) do peso que possui o manto com a cruz no peito. Não queremos aniquilar isso. Não podemos aniquilar isso. Não temos o direito de fazer isso. No entanto, temos o dever de construir novas histórias. Temos o dever de alcançar novas conquistas. Não podemos nos sentar em nosso passado e usar as nossas glórias anteriores como argumento para a obrigatoriedade das vitórias futuras. Novamente, tal atitude, seria descreditar a presença do outro que, assim como nós, têm sonhos, objetivos e planos.
Creio que vergonha e vexame tenha sido arremessar copos e latinhas em direção ao gramado. Creio que vergonha e vexame tenha sido a violência no entorno de São Januário. Isso, sim, é uma verdadeira vergonha e um literal vexame.
O resultado de ontem, para mim, deve ser resumido por uma outra palavra: DECEPÇÃO. Decepção pela frustração de mais um resultado negativo em casa. Decepção pela falta de competência para retribuir à torcida a bonita festa, que ela fez, antes e durante a maior parte da partida. Decepção por, novamente, todos os resultados terem sido favoráveis, e o time não ter conseguido se valer disso. Decepção pelo acúmulo de decepções, que temos colecionado ao longo dos anos. Decepção por não conseguir ver uma
luz no fim do túnel. Decepção por ter, agora, que se agarrar a míseros 6% de probabilidade de acesso. Decepção por não conseguir, no presente, alcançar o mínimo de resultado expressivo. Decepção por, nos últimos anos, ter perdido o papel de protagonista, o de coadjuvante, o de articulatório para, infelizmente, assumir o de figurante no cenário esportivo estadual, nacional, continental e mundial.
Hoje, dia seguinte ao jogo, após uma péssima noite de sono, sinto, na boca, um gosto amargo. Volto a dizer: não é gosto de vergonha nem de vexame. É um gosto prolongado de decepção.
Saudações Vascaínas!