DIÁRIO DE UM VASCAÍNO
Leandro A. Rodrigues
- Domingo – 14/02/2021 – 18h00min:
– Após a derrota para o Internacional de Porto Alegre, há um tríplice sentimento: tristeza, pelo resultado adverso; decepção, pelo pênalti perdido por Cano; revolta, pela desorganização da CBF em relação ao VAR descalibrado.
– Quero distância de futebol!
– Tentei dormir, porém, tive insônia. O fantasma do rebaixamento não me deixou mergulhar nos braços de Morpheu.
– Pouco dormi! No desespero da ausência do descanso, prometi-me não mais ser tão apaixonado por futebol.
- Segunda-feira – 15/02/2021:
– Nada de Programas Esportivos. Nada de assistir a jogos de futebol. Ainda dói a derrota e a possibilidade da queda, por mais que não seja uma novidade, não é algo que desejo me acostumar.
– Continuo querendo distância de futebol… pelo menos foi assim até o fim da tarde. À noite, li a parte de esportes do jornal e naveguei em sites especializados em notícias do meu Gigante. Mesmo caído, ele sempre há de ser um Gigante.
- Terça-feira – 16/02/2021:
– Ao amanhecer, procurei notícias do cruz-maltino. Somente, depois de um tempo, é que me lembrei de que queria distância de futebol. Já era tarde…
– Esqueci-me da minha promessa.
– Sinto-me como se estivesse anestesiado. A dor está escondida nos analgésicos da esperança. Racionalmente, pelo rendimento da equipe, não vejo mais possibilidade. Porém, enquanto houver matemática, há esperança. Ainda é possível.
– Quero preparar-me para o pior, mas, ainda que saibamos que o pior pode acontecer, nunca, estamos, de fato, preparados.
– Tentei fugir de futebol, mas a minha paixão levou-me a acompanhar a derrota do Barcelona para o PSG. Após o jogo, tive uma melancolia profunda, afinal, não me lembro mais do último jogo em que vi o meu time dar um espetáculo.
– À noite, fugi de tudo relacionado a esporte.
- Quarta-feira – 17/02/2021:
– Quero ser realista e conscientizar-me de que não há mais jeito. Quero dizer a mim mesmo: acabou! Todavia, não consigo.
– Li tudo relativo ao Vasco.
– Ainda estou longe de Programas Esportivos.
– Fugi dos jogos de futebol. Preciso desintoxicar-me do esporte bretão. Sou um dependente de futebol. Sou um viciado em VASCO. Preciso fugir um pouco disso.
– Sofri com a abstinência. Mudei o foco. Busquei outros afazeres. Mergulhei no trabalho. Estive mais perto da família.
– Contudo, foi difícil. Cada minuto em silêncio é um flashback de derrotas bobas, de pontos perdidos, de gols tomados e de oportunidades desperdiçadas.
– Preciso dormir direito! Ando cansado!
– Sei que é difícil, mas acredito!
- Quinta-feira – 18/02/2021:
– Afoguei-me em meus afazeres. Assim, o tempo passa e não me preocupo com o Time de São Januário.
– Li notícias, tendo menos resistência à naturalidade do futebol.
– Não quero ver futebol nacional. Ainda não!
– Ouço crianças jogando bola na rua. Todos querem ser os ídolos de nossos adversários.
– Não vejo uma camisa sequer com a faixa diagonal. Estão aniquilando o nosso futuro!
– Acho que é possível! É uma derrota alheia e uma vitória própria. É possível!
– Depois de alguns dias, consegui dormir, mas acordei de madrugada. Perdi o sono. Pensei, novamente, na dor de mais uma queda.
- Sexta-feira – 19/02/2021:
– Ainda estou longe dos Programas Esportivos e dos Jogos Nacionais.
– Busco as informações necessárias. Não posso ficar desatualizado.
– O time é limitado, porém não é uma missão impossível.
– Acho mesmo que é possível! Acho que é possível ou quero que seja possível? Freud explica!
– Minha dor na coluna desviou a minha atenção e consegui dormir, sem pensar em futebol. Estou me curando?
- Sábado – 20/02/2021:
– Nada de jogo pela televisão.
– Não quero tentar secar ninguém.
– Venha o que vier, na realidade, nada mudará o meu sentimento pelo Clube da Cruz da Ordem de Cristo.
- Domingo – 21/02/2021:
– Certamente, acordarei e pensarei no jogo!
– Passarei o dia inteiro, pensando no jogo!
– Não sei o que acontecerá, mas sei que assistirei ao jogo, sofrerei com o jogo. Sei que ficarei muito feliz se ganharmos. Sei, também, que ficarei muito triste se perdermos.
– Entretanto, na essência, pouco importará, pois o meu amor pelo VASCO DA GAMA é como o que ocorre no casamento: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença; é como o que ocorre entre pais e filhos: há orgulho e decepção. Há verdadeira mescla de sentimento, mas sempre estamos prontos e abertos ao abraço.
– Independente do que aconteça, estarei aqui. “Sempre ao seu lado, até o fim”, não é isso o que diz a música? Ah, meu VASCO DA GAMA, nada, tampouco alguém, apagará o meu amor por você, já que as suas cores estão impregnadas em minha alma, e o seu nome está cravado em meu coração.
– Sigamos juntos! Onde quer que você esteja!
– Uma nova semana se iniciará, independente do resultado!
Saudações Vascaínas!