MAR VASCAÍNO
Leandro A. Rodrigues
Após a terrível derrota do Vasco para o Fortaleza, no último dia 10 de fevereiro de 2021, passei a perguntar-me sobre qual assunto me debruçaria na crônica desta semana. Imagino que todos os vascaínos estão bastante desanimados e receosos quanto ao futuro do Gigante da Colina. É possível imaginar que a Nau do Almirante esteja bastante próxima de soçobrar pela quarta vez.
Realmente, os fatos levam-nos a crer que isso ocorrerá!
Sabemos que a missão não é tão difícil, mas, como foi relatado na entrevista coletiva, o time não demonstra poder algum de reação. E, muitas vezes, quando tem a possibilidade de liquidar o jogo, como aconteceu contra o Palmeiras, infelizmente, retrai-se de forma a parecer estar satisfeito com o resultado alcançado.
Sei disso e não posso mentir: estou bastante temeroso do que acontecerá…
No entanto, sempre, pergunto-me: gosto de futebol ou gosto, simplesmente, de ganhar? Sei que uma coisa não precisa, necessariamente, excluir a outra. Todavia, nos últimos 20 (vinte) anos, ao vascaíno coube, unicamente, gostar de futebol. A vitória, lamentavelmente, passou a ser consequência e/ou exceção. Por isso, neste momento, é necessário continuar firme, pois não me imagino abandonando o Vasco. Não me imagino, em dia de jogo, deixando-o a esmo, qual ser abandonando e largado no mundo. Mesmo na dor, sigo firme com ele.
Em 2009, quando o time conseguiu o retorno à elite, houve um programa, exibido no canal SporTV, em que o jornalista Sérgio Cabral (Pai) diz algo inesquecível: “Se o Vasco for para a segunda divisão, eu sou Vasco. Se o Vasco for para a terceira, eu sou Vasco. Se o Vasco deixar de existir, eu continuo sendo Vasco”.
É exatamente assim que me sinto. Por mais doloroso que seja, acompanharei, sofrerei, torcerei e esperarei o que acontecerá com o Gigante neste ano tão complicado.
Sei que os Matemáticos aumentaram a chance de rebaixamento, após o fatídico jogo de quarta-feira. Porém, cabe sempre lembrar que o futebol é o esporte que mais desdenha da lógica e da razão. Uma vitória ou uma derrota elevam e/ou diminuem os números e, proporcionalmente, o moral de uma equipe.
Talvez, o que mais nos amedronte, neste momento, seja o rendimento da equipe. Não percebemos força. Não percebemos, em campo, ação que nos dê esperança quanto à permanência. Não conseguimos obter confiança em futuros bons resultados pelas últimas partidas de nosso escrete.
Contudo, vale a pena acreditar. Vale a pena seguir firme. Vale a pena, mesmo que machucado, sofrer na escuridão, em busca da claridade que vem da porta da caverna, pois todo vascaíno tem a alma gigante. E, como muito bem nos ensinou o magistral poeta português, Fernando Pessoa, em seu poema Mar Português: “Tudo vale a pena/ Se a alma não é pequena”, afinal, “Quem quer passar além do Bojador/ Tem que passar além da dor”, já que “Deus ao mar o perigo e o abismo deu,/Mas nele é que espelhou o céu”.
Saudações Vascaínas!