Uma perícia preliminar feita dentro do Vasco da Gama encontrou sinais muito preocupantes nas contas da SAF, como um empréstimo irregular e até mesmo pagamentos para o presidente Jorge Salgado maiores do que os estipulados em balanços. Os peritos sugeriram, em conclusão, uma “provável gestão temerária” na empresa.
O relatório da empresa SwotGlobal foi juntado nesta quinta-feira ao processo que corre em segredo de Justiça na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. O ge teve acesso ao documento de 24 páginas. A perícia foi uma determinação do juiz Paulo Assed Estefan na liminar que tirou os direitos societários da 777 Partners e entregou o controle da SAF ao clube associativo.
No dia 20 de maio, houve a primeira tentativa de acesso aos documentos, porém os oficiais foram barrados. Houve muita discussão e confusão no escritório da SAF, na Barra da Tijuca, e os documentos só foram recolhidos dia 23.
A conclusão da perícia foi a seguinte: “foi realizada análise preliminar da documentação fornecida pela SAF, tendo sido verificada a existência de indícios de irregularidades ocorridas durante a gestão da 777, inconsistências e/ou omissões de documentos bancários, ausência de contratos vinculados às operações financeiras, violação à ordem de credores em pagamentos realizados, transações intercompany comprometendo as operações da SAF”.
O ge fez contato com as assessorias da 777 Partners e com a SAF do Vasco, mas nenhum retorno foi dado. O relatório é assinado por seis representantes da SwotGlobal: Marcello Guimarães (presidente), Hilton Junior (vice-presidente de Operações), Iashmin Bastos (contadora), Guilherme Mendes (engenheiro), Maiara Martins (contadora) e Gabriel Tomaz (engenheiro).
Os peritos afirmam que em reunião com Karia dos Santos, ex-CFO, foram informados que o clube tinha apenas uma conta bancária, mas informações dão conta de que haviam mais. O pagamento do primeiro aporte da 777 Partners, de R$ 120 milhões, foi feito entre duas contas pertencentes ao CNPJ da companhia.
A perícia também solicitou os documentos de transferências envolvendo o Vasco SAF e empresas da 777 Partners, as chamadas intercompany. O clube forneceu um único contrato de empréstimo pactuado em novembro de 2022 com a F3EA Holdings LLC. no valor de US$ 5 milhões. Ou seja, logo depois da constituição da SAF, a 777 pegou R$ 26.134.550,00 emprestados do clube.
Além disso, existem polêmicas quanto ao pagmento à Salgado, histórico credor cruzmaltino no qual o clube devia mais de 25 milhões. A perícia verificou que, em setembro de 2022, houve pagamento no valor de 5.052.397,00 a Salgado, mas a quantia lançada no balancete daquele mês foi de R$ 4.740.000,00. Jorge Salgado foi procurado pela reportagem para comentar o assunto, mas ainda não respondeu.