Carlos Fonseca recebeu de Jorge Salgado o pedido de criação da Sociedade Anônima de Futebol
O debate no Conselho Deliberativo do Vasco sobre a instituição do clube-empresa deverá ocorrer até o fim desse ano e terá como foco a divisão dos ativos entre a associação e a SAF. O que serão aprovados nesse primeiro momento são os estudos contábeis e jurídicos para que possa legitimar essa divisão.
Por: João Gabriel Reis
Para Carlos Fonseca, esse documento enviado por Salgado é apenas o primeiro passo de um grande projeto para o Vasco se tornar clube-empresa. O Conselho de Beneméritos também recebeu o documento e em breve se posicionará sobre o assunto.
De acordo com a direção, o Vasco ainda terá o controle sobre a empresa a ser criada, mas não descarta a possibilidade de no futuro acontecer uma venda. Veja abaixo declarações de Carlos Fonseca ao GE, que ajudam a explicar um pouco esse processo.
Qual será o rito adotado pelo Conselho Deliberativo na aprovação da constituição da SAF?
– Entendo que o Vasco sempre pôde abrir empresa dentro das determinações de sociedade sem fins lucrativos. A lei da SAF criou a exceção que agora os clubes podem constituir empresa visando ao lucro. Então, o Vasco sequer precisaria pedir autorização ao Conselho para abrir a empresa. Só ver, por exemplo, que o estatuto já fala da possibilidade de filial… O que o Vasco está querendo, na verdade, é abrir uma empresa e transferir ativos do clube para a empresa. É essa transferência de ativos para a SAF que temos de debater e que precisa de autorização do Conselho.
E como isso será feito?
– Vai depender da reunião, que deve ser convocada até o fim do ano. Os conselheiros já estão analisando o tema, conversei com as bancadas sobre isso. No meu entender, pode ser deliberado por maioria simples. A diretoria administrativa está fazendo um estudo sobre quais ativos vão e quais ficam. No documento, por exemplo, ela já excluiu a possibilidade de transferir para a SAF as sedes da Lagoa e do Calabouço, assim como todo o complexo de São Januário. Então, o que vai? Não é algo simples de se fazer, depende de estudo e de consultoria, e isso demanda tempo.
Em tese, os ativos que vão para a SAF são os jogadores…
– Não é só isso. Por exemplo: os sócios. Eu entendo que o sócio-torcedor pode ir para a SAF e o estatutário deve ficar na associação Club de Regatas Vasco da Gama. Eu considero essa preocupação pertinente. Então, acredito que a reunião a ser convocada vai tratar desses temas. O que vai? O que fica?
É provável, então, que haja uma construção política no Conselho para fazer essa divisão?
– A aprovação da SAF, em ocorrendo, deverá conter uma recomendação de apresentação ao Conselho Deliberativo e ao Conselho de Beneméritos dos ativos que serão transferidos. O que o Conselho Deliberativo, em ocorrendo, vai aprovar agora serão os estudos contábeis e jurídicos, enfim, todos os estudos necessários para a divisão dos ativos. Estima-se que seriam de 60 a 90 dias necessários. Posteriormente, com a divisão definida, se volta para a apreciação.
A possibilidade de venda do futebol do Vasco ou de parte do futebol do Vasco, sim, depende de aprovação do Conselho?
– O que está em debate não é a venda do clube. Isso não existe no documento. Aliás, está bem claro que o Vasco como associação terá o controle da SAF. O documento fala na possibilidade das debêntures (títulos de dívida). Agora, sim, nesse processo todo, um dos pontos possíveis no futuro é a venda. Se chegar nesse passo, a proposta deverá ser aprovada pela Assembleia Geral (sócios do clube), sendo razoável a apreciação do Conselho Deliberativo acerca dos termos da venda para encaminhamento. Vejo como muito responsável essa preocupação, mas isso não é o presente. Só devemos nos preocupar quando e se houver proposta de venda.
O senhor entende que é o momento de o Vasco debater a constituição da SAF?
– Acredito que, além das alternativas que se abrem de imediato para o clube, na hipótese de recomendação do Conselho de Beneméritos, aprovação do Conselho Deliberativo e boa avaliação da maioria da comunidade vascaína, será dada uma boa sinalização ao mercado de que o Vasco tem interesse legítimo em participar do processo de transformação em clube-empresa. Mas, como disse, esse é apenas um primeiro passo e não há venda ou proposta a ser avaliada agora. O Vasco está dizendo que concorre por investimentos no Brasil dos principais grupos que operam futebol no mundo. Esses grupos sérios podem até ser mais do que cinco, mas não chegam a dez. Quem não fizer esse debate corre o risco de viver no modelo associativo para sempre em um mercado completamente diferente.
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