FUTEBOL NÃO É UMA CIÊNCIA EXATA
Leandro A. Rodrigues
Ao longo deste ano, tão sofrido e doloroso, futebolisticamente falando, o torcedor vascaíno teve que conviver com uma linha tênue e precisou tomar cuidado para não confundir esperança com alienação.
Como amantes do Club de Regatas Vasco da Gama, é imprescindível a manutenção da esperança. Aliás, na vida, sem ela, pouco ou nada fazemos. Sem ela, para ser sincero, sequer nos levantamos da cama. E, na atual conjuntura, então, ela serve de tábua de salvação constante, como bússola a apontar para o Norte, tanto no futebol quanto nesta louca Pandemia.
No entanto, é importante saber que a paixão cega não pode nos levar a confundir esperança com alienação. Diante da televisão ou, presencialmente, no estádio de futebol, o verdadeiro torcedor tem consciência da capacidade e das limitações do seu time do coração. Aliás, se não tem, digo, deveria ter.
No decorrer de 2021, oscilamos esperança com alienação. Tivemos esperança quando, no Carioca, depois de tanto tempo, vencemos o nosso maior rival. Tivemos esperança, quando, no Carioca, fizemos algumas partidas interessantes, com movimentação intensa e envolvemos o adversário com jogadas bem articuladas e trabalhadas.
Todavia, alienamo-nos, quando uma parcela achou que o acesso seria fácil e simples. Alienamo-nos, quando uma parcela exigiu dos treinadores o casamento entre resultado e esquema de jogo.
Já disse em uma crônica, aqui mesmo neste espaço (“Eficiência”), que, no futebol, diferentemente do que acontece em outros esportes, aquele que joga bem pode ser derrotado. Então, a junção entre eficiência e superioridade convive de forma limítrofe, e incomoda-me o debate acerca do que é mais importante. Como amante de futebol, já vi times pífios serem eficientes, assim como times geniais que frustraram as expectativas.
Neste atual momento, em outubro de 2021, o nosso Gigante da Colina tem executado um jogo aprazível aos olhos, em alguns momentos das partidas. Tenho a sensação de que falta (não sou profissional da área, por isso não é uma certeza) um quê maior de capacidade física ou, talvez, de saber dosar o momento certo para as estocadas definitivas. Sinto o time muito ansioso (algo natural) em virtude de toda a temporada.
Além dos bons instantes, com exceção da frustração dos momentos finais dos jogos contra o CRB e contra o Cruzeiro e do segundo tempo contra o Sampaio Corrêa, os resultados têm aparecido. Temos conseguido fazer a junção mencionada acima. Espero, apenas, que ainda dê tempo. É exatamente aí que surge o tema da coluna. Nós, Vascaínos, não podemos ficar alienados e acharmos que, neste momento, na parte final do campeonato, é certo o acesso, afinal, como diria o Garrincha: “Agora, só falta combinar com os russos”, ou seja, há outros times com o mesmo propósito. E como já disse, também, em outro momento, neste espaço, futebol não é uma ciência exata.
Saudações Vascaínas!